Na volta para o Rio de Janeiro, da Comissão liderada pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que foi tratar da JMJ RIO 2013 junto ao Pontifício Conselho para os Leigos, em Roma, o coordenador da Jornada pela Arquidiocese do Rio, monsenhor Joel Portella Amado, falou de vários aspectos importantes da Jornada e sugeriu cautela com relação às notícias que já começaram a circular pela imprensa de uma forma geral.
O aspecto da comunicação e informação sobre a JMJ deve ser tratado com muito cuidado para não se encher de falsas notícias os meios de comunicação e com isso confundir e prejudicar o bom andamento dos preparativos para a Jornada.
Reproduzimos então, a seguir, a íntegra da entrevista do Pe. Joel com o Jornal Testemunho de Fé, no intuito de ajudar na divulgação das notícias verdadeiras da Jornada, por quem de direito.
"No início desta semana, um grupo de bispos, sacerdotes e leigos, liderados por Dom Orani João Tempesta, participou de reunião na sede do Pontifício Conselho para os Leigos em Roma.
Nesta reunião, foram dados mais alguns passos para a consolidação da Jornada. Em entrevista ao jornal Testemunho de Fé, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o coordenador da Jornada, monsenhor Joel Portella Amado, falou desses passos.
- Por que uma reunião em Roma agora?
Pe. Joel - A Jornada da Juventude é de responsabilidade conjunta entre o Pontifício Conselho para os Leigos, organismo da Santa Sé, e a Diocese onde a Jornada acontecerá. Esta reunião faz parte de uma série de encontros que devem acontecer desde que a Jornada é anunciada até mesmo durante a realização. A primeira reunião foi em Roma, na sede do Pontifício Conselho. Outras reuniões poderão acontecer no Rio de Janeiro, novamente em Roma ou em algum outro local, que se considere mais prático ou necessário.
– Quem participou da reunião e quais foram os assuntos tratados?
Pe. Joel - Do Pontifício Conselho, participaram o Cardeal Stanislaw Rilko, presidente, os subsecretários, o Setor Juventude e um representante da Fundação João Paulo II. Da nossa Arquidiocese, participaram Dom Orani, os dois bispos-auxiliares que acompanham mais de perto a Jornada, Dom Antonio Augusto e Dom Paulo César, os padres Márcio, Marcos William, Renato Martins e eu. Esteve presente também o Padre Anísio, sacerdote dehoniano, que atualmente estuda em Roma e que conhece bastante da realidade da Jornada. O grupo de leigos do Rio de Janeiro foi composto pelos Srs. Cândido, Eduardo e Carlos Augusto.
– Por que estas pessoas?
Pe. Joel - Porque são aquelas que estão mais diretamente ligadas ao núcleo da organização da Jornada. Dom Orani é o presidente, os bispos-auxiliares supervisionam todo o trabalho e os padres e leigos representam setores cuja atenção deve ser maior neste momento da preparação. Por exemplo, o Setor dos Atos Centrais, o Setor da Comunicação, o Setor dos Atos Culturais e a gestão administrativo-financeira da Jornada.
– E os assuntos? O que ficou decidido e que já podemos considerar como certo?
Pe. Joel - Não foi tanto uma reunião para muitas decisões. Foi, em primeiro lugar, uma reunião para unir dois elementos importantes numa Jornada. De um lado, é a experiência que o Pontifício Conselho tem no assunto. Afinal, as Jornadas acontecem desde 1987 e sempre sob a responsabilidade daquele Dicastério. Já ocorreram Jornadas em várias cidades do mundo. Temos, portanto, uma experiência que não pode ser deixada de lado em hipótese alguma. Além do mais, como organismo da Santa Sé, o Pontifício Conselho é o responsável pelos eventos que dizem respeito a toda a Igreja.
De outro lado, temos a realidade local, no caso, o Rio de Janeiro. Somos nós os cariocas que conhecemos a cidade, com suas características. Cabe a nós concretizar o espírito da Jornada na realidade específica do Rio de Janeiro.
A reunião teve, então, como finalidade maior permitir que o Pontifício Conselho conhecesse algumas propostas que a Arquidiocese do Rio tem para a Jornada e verificasse se estas propostas estão de acordo com a identidade da Jornada. Para a Arquidiocese do Rio, a reunião ajudou a confirmar que estamos no caminho certo.
– Houve a participação de alguma autoridade civil ou representante do Rio ou de Roma?
Pe. Joel - De Roma, as autoridades já estavam presentes. Como eu disse antes, o Pontifico Conselho é o responsável pelas Jornadas. Neste Conselho se unem os aspectos religioso e, se assim podemos falar, civil, pois o Vaticano é também um Estado. O Pontifício Conselho para os Leigos poderia ser comparado a um ministério.
Do Brasil ou do Rio de Janeiro, não houve a presença de nenhuma autoridade porque o protocolo não prevê este tipo de presença. O Pontifício Conselho fala com a Arquidiocese do Rio e é esta que deve falar, por exemplo, com as autoridades civis. O que foi, portanto, conversado em Roma agora será tratado com quem de direito.
- O senhor pode nos dizer qual foi a programação do grupo em Roma?
Pe. Joel - Foi uma programação curta e intensa. Foi curta porque durou apenas dois dias. Foi intensa porque não paramos um instante. Esta, aliás, é a proposta de reuniões deste tipo. É chegar, trabalhar e voltar para continuar trabalhando.
– O senhor nem desceu do avião e já está falando conosco...
Pe. Joel - É verdade. A vida é assim mesmo e a evangelização pede de nós dedicação radical. No caso da Jornada, esta dedicação se torna mais intensa porque, sem querer assustar, 2013 já é praticamente amanhã. Não podemos perder tempo. A Jornada é o maior evento, em termos de número de participantes, que a Igreja organiza. Os detalhes são muitos. Então, vai ter que ser assim mesmo.
– E a programação?
Pe. Joel - Nosso primeiro compromisso foi uma alegria que não esperávamos. Fomos convidados a participar de missa presidida pelo Santo Padre Bento XVI, na Basílica de São Pedro. Era dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe e foi organizada uma missa na intenção de toda a América Latina, de todos os países e povos. Foi uma celebração muito bonita, com textos em espanhol e português e alguns cantos em estilo latino-americano.
Em seguida, tivemos, ainda no dia 12, à noite, um encontro na Embaixada do Brasil junto à Santa Sé. O contato com o embaixador brasileiro faz parte dos passos que precisam ser dados neste momento de preparação da JMJ.
Estivemos praticamente todo o segundo dia com o Pontifício Conselho. Na parte da manhã, aconteceu uma reunião geral e, à tarde, encontros de grupos específicos de acordo com as funções dentro do organograma da Jornada.
– O que já ficou decidido?
Pe. Joel - Primeiro, que estamos no caminho certo. Segundo, que precisamos trabalhar com intensidade ainda maior. A Jornada é mesmo um evento de porte imenso e ninguém pode ficar de fora. Terceiro, a confirmação da data da Jornada, que será de 23 a 28 de julho de 2013. O Pontifício Conselho também aprovou a logomarca vencedora do concurso que realizamos.
– E os locais para os atos maiores? Não ficaram também decididos?
Pe. Joel - Não. A Arquidiocese do Rio de Janeiro apresentou ao Pontifício Conselho inúmeras possibilidades para que, repetindo o que eu disse antes, aquele Dicastério com a experiência que tem, pudesse indicar se estamos no caminho certo ou não. No momento, não existe nenhuma definição de lugares, pois, também repetindo o que eu já disse antes, agora é o momento da Arquidiocese do Rio conversar com os organismos dos governos federal, estadual e municipal para concretizar os locais.
Esta não é uma escolha fácil, que pode ser feita numa única reunião. As implicações são muitas. Imagine área capaz de acolher todos os peregrinos, transportes, infra-estrutura e tudo mais. As autoridades civis têm que necessariamente ser ouvidas e a decisão tomada com cautela e tranqüilidade.
– Mas hoje mesmo, no dia em que os senhores voltaram de Roma, surgiu uma notícia de que os locais já estariam escolhidos. Até mesmo a hospedagem do Para seria no Sumaré.
Pe. Joel - Não li esta reportagem. Não li reportagem alguma até agora. Acredito que, se houve mesmo este tipo de divulgação, o máximo que podemos dizer é que foi falha de comunicação ou de compreensão acerca de como funciona a Jornada.
O exemplo maior de que se trata de uma, vamos chamar assim, trapalhada de comunicação é, como você está me dizendo, que o local da hospedagem do Papa já estaria escolhido e que seria o Sumaré. O problema é que as coisas não acontecem deste modo. Para o Santo Padre, existem outros organismos da Santa Sé, que não apenas o Pontifício Conselho para os Leigos. Este Conselho cuida da Jornada. Outros organismos cuidam da vinda do Papa, do horário de chegada, do local de hospedagem e da programação que o Papa vai cumprir. Eu imagino que a referência ao Centro de Estudos do Sumaré tenha sido apenas uma lembrança de que o Santo Padre João Paulo II, quando veio ao Rio, ficou hospedado lá. Mais do que isso é pura divagação.
– Então, não temos nenhuma definição sobre os lugares da Jornada?
Pe. Joel - Sim e não. Sim, no sentido de que a Jornada vai acontecer em todo o Rio de Janeiro. Aliás, a Jornada já está acontecendo em toda a cidade, através da mobilização das paróquias, dos movimentos e demais organismos eclesiais. Não, no sentido de que ainda não temos, como você diz, a definição do local. O que temos são sugestões. Nenhuma área é tão perfeita que já possamos dizer vai ser aqui e pronto. Cada uma das sugestões tem agora que ser aprofundada, em diálogo com os responsáveis e com as autoridades a que me referi. O resultado deste estudo será então levado para os diversos organismos da Santa Sé, que, vindo ao Rio para conhecer os lugares, aprovarão ou não.
Além disso, é bom lembrar que Jornada não se restringe a estes momentos maiores. Eles dão visibilidade à Jornada, mas ela contém muitos outros eventos, como encontros catequéticos, momentos de oração, atividades missionárias. Aqui se aplica o famoso ditado da ponta dos icebergs: vemos só uma parte, a que mais aparece. Por baixo da água, onde não se vê com facilidade, há muito mais.
– Mas a Logo marca foi aprovada, não foi?
Pe. Joel - A Logo foi aprovada e, após alguns trâmites da legislação brasileira, será dada a conhecer. Esta data ainda não pode ser definida exatamente porque são necessários alguns procedimentos legais. Assim que for possível, o Setor de Comunicação, responsável pelo concurso, providenciará a divulgação. Se dependesse apenas de nós, a logomarca seria divulgada agora. Mas, seria uma irresponsabilidade não dar os passos exigidos pela lei.
– Quanto custou a logomarca para a Jornada
Pe. Joel - Nada. Foi um concurso ao estilo dos concursos organizados pela Igreja, em que a pessoa se inscreve, uma equipe de técnicos seleciona as que mais se caracterizam como logos e mais ligadas ao tema. Algumas são levadas à decisão final, no caso, pelo Pontifício Conselho.
É a mesma coisa que vai acontecer com o Hino. Vamos até aproveitar esta conversa para convidar os leitores a participarem do concurso para a letra do hino da JMJ.
– Já que estamos falando na questão dos custos, não seria bom falarmos um pouco sobre isso no caso da Jornada?
Pe. Joel - As despesas com a Jornada são cobertas com dois tipos de receita: os patrocinadores e os doadores. Existem regras específicas para cada um, regras que seguem, assim como no caso da Logo, a legislação brasileira. A participação de patrocinadores e doadores será divulgada oportunamente.
– O governo não entra com verba?
Pe. Joel - Os governos federal, estadual e municipal participam com os serviços que, também por força de lei, são da responsabilidade de cada um. Por exemplo: segurança, mobilidade entre outros. O que não acontece numa Jornada é o ingresso direto de recursos financeiros por parte dos governos. Este não é o espírito da Jornada.
– Mas recentemente saiu uma reportagem dizendo que tinha sido destinada uma verba para Jornada?
Pe. Joel - Pelo que vejo, reportagens é que não faltam. Acho que problema não são as reportagens, mas a clareza e a retidão das informações. No caso da reportagem a que você se refere, eu também não conheço o conteúdo. Seria bom verificar a origem desta notícia e conversar com a pessoa ou com o organismo que destinou a verba. É claro que toda ajuda é sempre bem vinda, mas deve cumprir as normas da lei e do espírito da Jornada.
– Algumas pessoas dizem que não pode haver dinheiro público porque são atos religiosos. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Pe. Joel - Muita coisa e o tempo é curto para dizer tudo que penso. Em resumo, posso dizer que existem prescrições legais a respeito da destinação de verbas públicas e que estas prescrições devem ser obedecidas, porque a lei existe para ser obedecida.
Em segundo lugar, acredito que a lei ou, melhor dizendo, os legisladores devam ter muita clareza a respeito dos destinatários da lei. A lei visa ao bem comum de cada cidadão e de todos os cidadãos. Neste sentido, é importante recordar que o cidadão é também religioso porque a religião faz parte da vida do ser humano. Diferentes podem ser as opções religiosas, mas a dimensão religiosa existe e deve ser acolhida. Tenho direitos como ser humano, como adulto, como homem, como cidadão brasileiro e também como um homem religioso, no caso, católico.
É claro que não se trata agora de pedir que os eventos religiosos sejam financiados pelo dinheiro público. O caminho não é esse. Mas deve ser igualmente claro que os cidadãos, enquanto cidadãos com uma religião, expressam sua respectiva fé, algumas vezes, em eventos maiores. Nessas horas, eles têm direito a receber dos organismos públicos o necessário e o específico, isto é, aquilo que só os poderes públicos podem fazer, para que os eventos ocorram.
Eventos grandes acontecem em todo lugar. Nossos irmãos islâmicos, por exemplo, fazem grandes peregrinações a Meca. No catolicismo, como negar as procissões e outros eventos semelhantes? Há poucos dias, tivemos, no Aterro do Flamengo, um momento destes promovido por nossos irmãos evangélicos. São só exemplos. Nem sei se são os melhores. Sei que os eventos existem e que a parte que cabe ao poder público precisa ser exercida pelo poder público. A parte que cabe a cada religião deve ser exercida pelos organizados do evento.
Existe uma diferença bem grande entre o estado laico e o estado ateu. O estado laico é aquele que não se deixa subordinar por esta ou aquela denominação religiosa. É um estado que, respeitando a diversidade religiosa, é um elemento possibilitador também desta dimensão. O estado ateu, ao contrário, é um estado onde as diferenças não são respeitadas e quem pensa diferente da orientação, no caso atéia, não pode nem deve ser respeitado. O estado laico, por ser democrata, é chamado a respeitar os cidadãos do jeito como os cidadãos são, inclusive com suas convicções religiosas. O estado ateu não respeita ninguém.
Aliás, a questão nem deve tanto ser colocada em termos de verbas para atividades religiosas ou não. A questão deve ser colocada na transparência quanto à gestão das verbas. De vez em quando, assistimos a denúncias de corrupção, de desvios e outras situações ainda mais delicadas e vergonhosas. É isso que não pode acontecer. Cidadão algum, religioso ou não, entidade alguma devem participar de atos que impliquem desvios de verba ou coisa parecida.
– Dizem também que Jornada seria uma forma da Igreja recuperar terreno perdido, combatendo outras religiões. Dá para esclarecer.
Pe. Joel - Quando nos dedicamos a fazer algo, sempre corremos o risco de não sermos bem compreendidos. Isso vale para pessoas e entidades. Aqui entra muito do tema comunicação. É preciso fazer e dizer porque está fazendo. Na linguagem bíblica, é preciso dar as razões da esperança (1 Pd 3,17).
A JMJ não é um instrumento de guerra santa e o motivo é simples. Os cristãos existem para testemunhar e anunciar Jesus Cristo. Não existem para combater quem quer que seja. Não dá para falar de Jesus tendo como base o combate a quem quer que seja. Soa muito estranho pregar Jesus falando mal ou querendo destruir o outro.
As Jornadas fazem parte da responsabilidade missionária que Jesus deixou para todos os cristãos. É interessante lembrar que este é o tema que o Papa Bento XVI destinou à JMJ Rio 2013: ide e anunciai a todos a Boa Nova (Mt 28,19). A questão é o anúncio, fundamentado no testemunho. O testemunho é de amor, compreensão, diálogo e paz. Seria uma contradição falar do amor de Deus derramado em nossos corações, quando nossas atitudes são de competição ou combate. Nesse caso, é melhor trancar a casa e desintegrar a chave, para que ninguém a ache.
– Que podemos fazer para que a Jornada dê certo?
Pe. Joel - Muitas coisas, com certeza. A mais importante é rezar pela Jornada. Colocar a Jornada nas mãos de Deus, sabendo que vamos trabalhar até o nosso extremo e que a graça deste Deus nunca nos haverá de faltar. Depois, a união de todos em torno da JMJ. Graças a Deus, estamos unidos, somos unidos. Terceiro, pelo que pude compreender das suas perguntas a respeito de notícias ocorridas nestes dois dias de viagens, discernimento em relação às informações. A Jornada tem um Portal que é atualizado constantemente. Este Portal é o organismo que fala pela Jornada. Nele, estão as determinações de Dom Orani e os resultados do trabalho de todos. O Setor de Comunicação é muito zeloso em relação a isso.
Por fim, é muito importante que as paróquias, os movimentos e demais associações indiquem a pessoa que será o contato com a organização da Jornada. Este pedido já foi feito há alguns meses e nem todas as paróquias, movimentos e demais organismos se apresentaram. É muito simples. Basta entrar em contato com a Irmã Graça, através de e-mail. Ela dará todas as orientações. Ela é a responsável pelo Setor Hospedagens. Junto com o padre Ramon, do Setor Voluntários, acolherá e orientará."
Fonte: Matéria reproduzida do site: www.portalum.com.br