Olá galera!

Criamos esse espaço para que seja um cantinho onde todos os jovens possam compartilhar suas opiniões, críticas, sugestões, sobre os diversos aspectos que os cercam no dia-a-dia de suas vidas e que dificilmente têm com quem partilhar e opinar.

Chega de papo, vamos à luta!

Um grande abraço a todos!
José Vicente Ucha Campos

Contato: jvucampos@gmail.com



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ÁLCOOL NA JUVENTUDE: FUGA OU CURTIÇÃO PERIGOSA


SAÚDE ADVERTE: BEBA COM MODERAÇÃO

Os adolescentes estão cansados de ouvir ou ler esta tarja preta e séria que aparece minúscula nas propagandas de bebidas alcoólicas. Infelizmente, poucos levam a recomendação a sério. Resultado: 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente e 19% deles já são dependentes do álcool.

Os jovens estão bebendo mais e cada vez mais cedo, o que aumenta o risco de boa parte desta juventude desenvolver o alcoolismo. Esta equação se repete em praticamente todo o mundo, inclusive no Brasil, apesar de as pesquisas sobre o tema ainda serem bem escassas por aqui.


O último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), revela que o consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos já atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% já apresentam dependência. O estudo foi realizado em 2004 e mostrou que entre jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes.

Para se ter uma idéia de como o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência aumentou, no levantamento anterior, realizado em 2001, apenas 5% dos adolescentes pesquisados preenchiam os critérios para dependência do álcool.

Segundo recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em comparação com os países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar no consumo de álcool entre os adolescentes. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino médio e incluiu 347.771 meninos e meninas, de 14 a 17 anos, do Brasil, da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Equador, do Peru, do Uruguai, da Colômbia e do Paraguai. Entre os brasileiros, 48% admitiu consumir álcool.

Os dados são ainda mais alarmantes, porque o levantamento do Cebrid, que envolveu estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública, mostrou que a idade de início do consumo fica em torno dos 12 anos. "E, sabe-se, que o uso precoce de álcool aumenta o risco de alcoolismo em idade adulta", alerta o psiquiatra Arthur Guerra, doutor no assunto e fundador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da Universidade de São Paulo (Grea-USP).

De acordo com dados do livro Sóbrio - Vença a Dependência do Álcool e Mantenha a Dignidade (Ed. Nova Era), "os jovens que começam a beber antes dos 15 anos são muito mais propensos a desenvolver dependência alcoólica do que aqueles que começam a beber aos 21 anos".



MAS... POR QUE OS JOVENS BEBEM?


Os adolescentes vivenciam intensas mudanças físicas, psicológicas e sociais, passando por uma fase que associa-se não apenas à experimentação de álcool, mas ao beber “perigosamente”. Dentre os diversos fatores, podemos citar:
  • Comportamento de assumir riscos e testar limites: a tendência de procurar situações novas e potencialmente perigosas, em geral de forma impulsiva, típica dos adolescentes, pode incluir experiências com álcool;
  • Expectativas: a forma como veem o álcool e seus efeitos influencia o comportamento de beber. Adolescentes que bebem para ter uma experiência positiva/agradável (por exemplo, ficar mais comunicativo, ter mais sucesso na busca de parceiros, divertir-se mais) são mais propensos ao consumo;
  • Traços da personalidade ou transtornos psiquiátricos: algumas características podem torná-los mais propensos à começar a beber, como agressividade, rebeldia, dificuldade em seguir regras, problemas de conduta, hiperatividade, ansiedade ou depressão;
  • Fatores hereditários: o risco de desenvolver problemas com o álcool é diretamente influenciado pela genética;
  • Aceitação por amigos e pelo grupo: fazem parte dos fatores ambientais que podem influenciar no desenvolvimento do hábito de beber, assim como a referência de pais e familiares.
  • Problemas familiares, onde a bebida surge como uma fuga da realidade. Enquanto estão sob o efeito do álcool, não precisam pensar nos problemas.

E POR QUE OS JOVENS NÃO DEVERIAM BEBER?

Independentemente do motivo que tenha levado o jovem a começar a beber, é importante que saibam que estão sujeitos a uma série de riscos potenciais.

O consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes compromete o sistema nervoso central (SNC) que ainda encontra-se em desenvolvimento. Desta maneira, suas vias neuronais podem se tornar mais suscetíveis aos danos causados pelo álcool, podendo levar ao comprometimento de várias funções.

Quanto mais precoce o início do beber, mais cedo a pessoa poderá ter problemas com o álcool: estudos mostram que indivíduos que começaram a beber antes dos 15 anos têm 5 vezes mais chance de desenvolver problemas relacionados ao uso de álcool do que aqueles que começam a beber após os 21 anos. Além disso, para a vida adulta, o uso de álcool na adolescência é associado a maior consumo e abuso de outras drogas e mais comportamentos impulsivos.

Além disso, sob os efeitos do álcool, os jovens ficam mais propensos a comportamentos de risco – incluindo brigas, sexo desprotegido ou não consensual, acidentes automobilísticos, entre outros.

Em casos graves, os jovens podem apresentar outras consequências negativas decorrentes do uso de álcool, como não cumprir obrigações importantes e até ter problemas legais, sociais ou interpessoais.


COMO OS PAIS PODEM AJUDAR

Algumas atitudes fazem a diferença na hora de alertar e orientar os jovens sobre a necessidade de não ir 'com muita sede ao copo':

...Buscar informações sobre os efeitos do álcool e o alcoolismo na adolescência. Um pai bem-informado ganha poder de persuasão no diálogo com os adolescentes.
...Fazerem-se os melhores amigos dos filhos, para que assim consigam explicar aos filhos os seus papéis e deveres de pais e assim, estabelecer limites e acordos com eles.
...Evitar dizer apenas 'não'. Aprenda a escutar seus filhos e as razões deles para justificar o consumo de álcool, assim buscando juntos, uma solução que os leve ao não uso desse veneno.
   ...Dar o exemplo em casa, evitando o uso indevido (regular e em excesso) de bebidas alcoólicas.
...Participar da vida do adolescente e supervisioná-lo, quando necessário.
...Propiciar qualidade de vida ao jovem e estimular hábitos saudáveis, como passeios ao ar livre, contato com a natureza e momentos de lazer em família.

...Dar o exemplo e influenciar seus filhos a frequentarem a Igreja, buscando um ambiente mais sadio e de forma a que eles percebam que existem outras formas de sentirem-se bem  e felizes, sem o uso do álcool.


ESCLARECENDO AS COISAS BEM CÊDO

As crianças pensam sobre as coisas muito mais cedo do que imaginamos; portanto, nunca é cedo demais para tratar deste tema. Vale lembrar que o que os adultos fazem é tão importante quanto o que falam: crianças e adolescentes ouvem o que você diz, mas também observam o que você faz9:
  • Comece a falar sobre o álcool naturalmente, do modo mais simples possível;
  • Não use tom autoritário e evite sermões;
  • Seja claro e conciso, explique os fatos associados ao uso de álcool e suas consequências;
  • Mostre apoio e seja amável, deixe o caminho aberto para o diálogo;
  • Estabeleça limites;
  • Tenha atitudes condizentes com o que você fala, pois seu comportamento servirá de exemplo para os mais jovens: faça escolhas saudáveis.
Para saber mais dicas, acesse os materiais CISA: livreto e vídeo "Como falar sobre uso de álcool com seus filhos".



O ÁLCOOL MATA

Como medida importante de avanço na prevenção do uso precoce do álcool no Brasil, em março de 2015 foi sancionada a Lei nº 13.106/2015 que criminaliza a oferta – este termo abrange vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, mesmo que gratuitamente – de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil jovens todos os anos e está entre as principais causas de adoecimento e morte no Brasil, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mais de 60 tipos de doenças estão ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas; além disso, a maioria dos jovens que iniciam sua vida nas drogas mais pesadas testemunham que o álcool foi a porta de entrada para elas.


“O camarada diz: ‘Ah, eu só bebo no final de semana’. No entanto, se ele ultrapassa os limites do seu organismo, também vai enfrentar sérios problemas de saúde”, diz o psiquiatra Nilson Lyrio.

Muitos jovens não sabem, mas o simples fato de ultrapassarem os 30 gramas de álcool no sangue  (o equivalente a três copos de chope), já causa danos a vários órgãos, como fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. “O álcool gera o aldeído acético que é um veneno. Ele mata as células do fígado e mata neurônios”, alerta doutor Nilton.

Efeitos no organismo:

Digestivos - gastrite, vômitos, hemorragia gástrica ou intestinal

Hepáticos - hepatite alcóolica, figado gorduroso, pele amarela, cirrose hepática

Respiratórios - laringinte, bronquite, efisema pulmonar, falta de ar ao falar ou subir escadas

Cardíacos - doença do miocárdio com alterações circulatórias. Sob os efeitos tóxicos do álcool, aumenta o trabalho cardíaco, o que provoca aumento dos batimentos.

Neurológicos - lesão etílica cerebral, diminuição da coordenação motora, delírios e confusão mental, inflamações dos nervos, doenças dos músculos, demência progressiva, falta de apetite, diminuição da glicose sanguínea, inflamação do pâncreas. 


Bebida x direção

Além das doenças, as bebidas alcoólicas também fazem vítimas na combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75% das causas de mortes no trânsito estejam – de forma direta ou indireta – ligadas ao consumo delas [bebidas alcoólicas] . “As pessoas que bebem perdem, em grande parte, a sua capacidade reflexiva, alterando o equilíbrio e seu senso espacial”, explica a psicóloga Elaine Ribeiro.

Os últimos levantamentos da ONU mostram que os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. Segundo os dados oficiais, mais de 1,2 milhão de pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito todo o ano no mundo.

O Brasil está no 4º lugar do ranking de países com maior quantidade de mortes ocasionadas por acidentes de trânsito, segundo pesquisa do Instituto Avante Brasil. Um levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária indica que jovens do sexo masculino e de idade entre 18 e 25 anos compuseram mais de 28% das vítimas fatais nos acidentes de trânsito em 2013.

Os números são assustadores e mostram que o problema da negligência no trânsito ainda é muito relevado. Os jovens estão entre os mais atingidos em razão do estilo de vida ao qual estão geralmente associados. Dirigir alcoolizado e o excesso de velocidade são as principais causas de acidentes entre jovens.


Reprodução de matérias publicadas pela Revista Viva Saúde, por CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) e por Blog Destrave/Canção Nova

Nenhum comentário:

Postar um comentário